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Alagoano de nascimento, cubatense de alma e uma Vida quase Centenária

14/03/2019
Alagoano de nascimento, cubatense de alma e uma Vida quase Centenária

Morador da Vila Elizabeth e petroleiro aposentado, Valentim Benedicto faz 99 anos

 

 

Da Redação
 

Um nordestino do Estado das Alagoas, mas cubatense de alma, com idade quase centenária. Estamos falando de Valentim Benedicto dos Santos, um petroleiro aposentado da Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão – RPBC, que completou esse ano, exatos 99 primaveras, sendo 72 desses vividos em Cubatão. Só na casa onde mora com dois dos oito filhos e ainda na companhia de mais dois netos, na vila Elizabeth, já são mais de sete décadas, pois foi no exato ano de 1951, que o Sr. Valentim, como é mais conhecido no bairro das proximidades da Ponte do Arco sobre o Rio Cubatão, comprou o terreno pé do Morro da Boa Vista, dos então irmãos Vera Pelegrino.
 

Foi ali na varando de sua casa que o experiente Valentim recebeu a equipe de reportagem da FOLHA, para contar como tudo começou, em um pequeno distrito da época da cidade de Taipú/AL onde hoje localiza-se a já emancipada cidade de Campo Grande. Valentim nasceu no ano de 1920, e é o primogênito (primeiro dos 13 filhos, dos quais apenas Valentim e mais um irmão estão vivos), do casal de vaqueiros Benedicto Januário e Josina Maria Conceição.
 

Segundo o próprio petroleiro aposentado, sua peregrinação do Nordeste para o Estado de São Paulo, não foi direto para Cubatão, mas sim para a cidade de Marília, no interior do Estado, no longínquo 1938. “Vim para cá primeiramente com um tio meu, onde acabamos indo para aquelas bandas, onde ficamos 1 ano e 8 meses e, depois retornamos para o Nordeste, onde me casei com minha prima Abdias Maria e 50 dias depois, retornamos para Marília, eu Abdias, minha esposa e mais uma leva de dez pessoas entre primos, tios e irmãos” recorda Valentim.
 

“A segunda viagem do Nordeste para cá foi longa. Saímos como se fossemos uma tropa pela madrugada lá de Taipú, andamos cerca de 40 quilômetro durante a madrugada para podermos pegar o trem que nos levou até Salvador/BA, onde ingressamos no Navio Itagiba e descemos no Porto de Santos, onde desembarcamos e seguimos de volta para o interior de São Paulo”, completa.
 

Segundo, Ele, foram mais de seis anos em Marília, plantando e colhendo algodão, época em que nasceram seus quatro primeiro filhos, até que um de seus irmãos, recebeu um convite para cortar bananas em um sítio no sopé da Serra do Mar, em um ainda pequeno distrito de Santos/SP, conhecido como Cubatão.
 

A chegada e a vida em Cubatão: “A Ilha do Negro Morto”
 

A primeira moradia de Valentim juntamente com os filhos foi em um sítio, na região do Casqueiro, onde cortava bananas para o proprietário das terras, as quais eram carregadas em barcaças e levadas via Canal Piaçaguera até os navios cargueiros, com destino a vários lugares do Mundo, no Porto de Santos.
 

Em uma de suas falas o homem quase centenário solta algumas curiosidades sobre Cubatão na época, como a “Ilha do Negro Morto”. “Esse era o nome exato do local onde ficava o sítio. Diz a lenda que um homem Negro, muito forte e metido a pescador, se aventurou em ir pegar caranguejo em um momento de folga e acabou não retornando, então naquela época, a região onde ficava o Sítio onde eu cortava banana no Casqueiro, ficou conhecida como a Ilha do Negro Morto.

 

A antiga pousada, o Porto de Areia, as casas onde hoje é a Petrocoque, DER a Light e enfim, a RPBC
 

Apesar da folclórica história do sítio e da Ilha do Negro Morto, Valentim ficou apenas sete meses na região do Casqueiro. Ele havia conseguido um trabalho para atuar como areeiro no antigo Porto Geral de Cubatão, e se instalou em uma pensão juntamente com a mulher e os filhos, onde hoje fica situado o Teatro do Kaos, no Largo do Sapo. “Isso foi no ano de 1947, fiquei pouco tempo na Pensão, porque logo aluguei uma casa, em um vilarejo onde hoje fica a área da Petrocoque. “Morei bem ali onde hoje está instalada a Indústria, deixei de ser areeiro por um tempo, pois havia conseguido emprego no Departamento de Estradas e Rodagem do Estado de São Paulo - DER e logo em seguida ingressei na Light (hoje EMAE). Porém tive que pedir para sair, devido um dos meus filhos ter ficado doente e precisar ser tratado devido uma anemia, na Santa Casa de Santos e, como naquela época só havia uma linha de ônibus entre Santos e Cubatão (Fabril/Praça dos Andradas), tive que optar em levá-lo durante um mês e meio, diariamente para que pudesse ser curado”, explica o veteraníssimo Valentim.
 

Sendo assim, o hoje quase centenário homem, na época retomou as atividades como areeiro e consequentemente, comprou o já citado acima terreno dos Vera Pelegrino, na encosta do Morro da Boa Vista, na Vila Elizabeth. “Isso foi no ano de 1951, e fui areeiro novamente até o 1953, quando ingressei na Refinaria Presidente Bernardes, onde me deu estabilidade e pude criar os meus hoje oito filhos, até o ano de 1983, quando me aposentei”.
 

De 1983 a 2019 – A aposentadoria na Vila Elizabeth
 

Após 36 anos de aposentado, Valentim Benedicto dos Santos continua morando na mesma casa, na Vila Elizabeth, juntamente com dois de seus oito filhos e dois netos, é uma das pessoas mais conhecidas e respeitadas do bairro, impressiona pelo vigor físico, disposição e mente sadia para conversar e relembrar casos do passado e de sua vida. “Não faz muito tempo, renovei minha carteira de motorista (CNH), até andei pegando o carro, mas meus filhos e netos não me deixam mais dirigir, mas se deixarem eu ainda consigo”, lamenta com confiança o ainda motorista e petroleiro aposentado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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