A emblemática Protofonia de  IL GUARANY, o marco  de uma trajetória!

(*) Maestro Roberto Farias 

 

Os 53 Anos da Banda Musical Afonso Schmidt, grupo idealizado e formado pelo jovem  maestro Roberto Farias na década de 1970, que na época contava com 15 anos de idade, oficializado como Banda Musical de Cubatão, através da Lei Municipal n. 1.102, de 20 de setembro de 1977, na Administração Carlos Frederico Soares de Campos, vindo a constituir-se no primeiro grupo artístico da Cidade e que deu origem à atual (hoje oficialmente paralisada) Banda Sinfônica de Cubatão, foram celebrados em grande gala no Concerto Comemorativo que aconteceu no último dia 12 de abril de 2023, no Salão Nobre da ACIC – Associação Comercial e Industrial de Cubatão, ocasião em que também se comemoravam os 74 Anos de Emancipação Político-Administrativa de Cubatão (09/04/1949) e os 49 Anos de fundação da ACIC (09/04/1974).

 

A efeméride, que consolida a parceria da ACIC com os Grupos Artísticos de Cubatão, teve como ato de abertura a brilhante performance do Madrigal Zanzalá (uma versão compacta do Coral Zanzalá), sob a competente condução da Maestrina Nailse Machado, que brindou a todos com três joias musicais do cancioneiro popular brasileiro:  as pitorescas Deixe isso pra lá!, Samba 2 e Andar com Fé!, em primorosos arranjos vocais e que provocaram ovações calorosas do público presente. Um momento solene ocupou a cena quando o Maestro Roberto Farias, Coordenador dos Grupos Artísticos de Cubatão, na qualidade de Curador do Diploma Mérito Artístico Maestro Eleazar de Carvalho, conferido pela Ordem dos Músicos do Brasil – Conselho Regional do Estado de São Paulo, procedeu a entrega dessa tão importante comenda ao Maestro Marcos Sadao Shirakawa, regente titular da Banda Sinfônica de Cubatão, que figura entre as grandes expressões da regência de banda sinfônica no Estado de São Paulo e também no Brasil.

 

O Concerto Comemorativo foi marcado por um momento de grande emoção com a execução da emblemática Protofonia de IL GUARANY, ópera do compositor paulista (Campinas)  Antonio Carlos Gomes, em transcrição para banda sinfônica de Herbert Clarke, sob a batuta do Maestro Marcos Sadao Shirakawa, que demonstrou grande esmero na interpretação de uma das mais desafiadoras páginas musicais do repertório sinfônico brasileiro, essa que representa o marco de uma trajetória de pleno êxito da Banda Sinfônica de Cubatão, desde as suas antecessoras Banda Musical Afonso Schmidt e Banda Musical de Cubatão e que as consolidaram como grandes expoentes no cenário artístico-musical brasileiro e que também figurou no Concerto de Estreia, em 1989, da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, sob a condução do maestro cubatense Roberto Farias, autor do projeto de profissionalização desse importante organismo, de grande projeção internacional. Dotada de uma quase inexplicável magia, a Protofonia de IL GUARANY, a cada apresentação, em seus justos sete minutos de duração, é capaz de evocar os mais profundos sentimentos de êxtase e emoção.

 

Na sequência, uma justa homenagem aos valorosos nordestinos cubatenses que ao longo de décadas contribuíram sobremaneira para a construção da nossa Bem-Amada, com a presença no programa da deliciosa Suite Pernambucana de Bolso, do compositor pernambucano José Ursicino da Silva, o “Mestre Duda”, também na brilhante condução do Maestro Marcos Sadao Shirakawa. Ao Maestro Ulysses Damacena, regente adjunto da Banda Sinfônica de Cubatão, um “fruto da terra”, coube a regência da Dansa Brasileira (título original) do compositor paulista (Tietê) Camargo Guarnieri, numa arrojada transcrição de Charles Brandenbury – ressalte-se que o Maestro Ulysses Damacena foi o responsável pela compilação e  organização de todo o repertório apresentado, numa verdadeira missão de garimpo, já que, desde a paralisação oficial dos Grupos Artísticos em 2018, o acervo da Banda Sinfônica de Cubatão se encontra acondicionado em condições inapropriadas e de acesso bastante restrito. A terceira obra do programa foi a inebriante MOURÃO do compositor brasileiro César Guerra-Peixe, peça original em estilo regional brasileiro para orquestra cordas, com uma multicolorida orquestração do Maestro Roberto Farias, sob a batuta estreante do Maestro André Farias, também um “fruto da terra”, imerso desde a infância nesse protuberante ambiente musical cubatense, uma extensão do seu convívio familiar – o Maestro André Farias, chefe de naipe de Flautas da BSC, é também o Diretor Artístico do Grupo Rinascita, núcleo de pesquisa e difusão da música medieval e renascentista, além de regente titular da Orquestra Cubatão Sinfonia, exitoso projeto gerido pela Associação de Amigos da Banda Sinfônica de Cubatão. A última obra desse grande momento sinfônico foi a APOTEOSE da Fantasia Sinfônica “Cubatão 2001”, de autoria do compositor cubatense Roberto Farias, que traz o tema do Hino de Cubatão numa roupagem jazzística, justificada pelo autor como uma proposta de universalização da linguagem musical, já que o jazz, assim como a língua inglesa, se faz presente em todas as culturas do planeta.

 

Antecedendo essa última intervenção sinfônica, o público presente foi brindado com um verdadeiro souvenir musical, a refinada apresentação do violonista cubatense Manoelito Martins, o “Lito do Brasil”, com preciosidades do repertório brasileiro, em primorosas versões violonísticas, uma síntese do potencial artístico da nossa Cidade, já que o músico, de carreira internacional, nascido há 56 anos em Cubatão, teve a sua formação musical em nível técnico na Escola Técnica de Música e Dança “Ivanildo Rebouças da Silva” – o nosso Conservatório Municipal, sob a ilibada orientação do grande violonista Professor Carlos Oliveira, um ícone do violão no Brasil, responsável pela criação e desenvolvimento da escola do violão na Baixada Santista e com grande repercussão  no Estado e no Brasil – registre-se que Manoelito Martins, o “Lito do Brasil”, um naturalista confesso, figura entre os selecionados a concorrer o Grammy Latino 2023, na categoria “Melhor Álbum”.

 

O Concerto Comemorativo, que contou com a presença de grandes personalidades da sociedade cubatense, entre autoridades, empresários, profissionais liberais, executivos, entes da comunicação, artistas, educadores, líderes religiosos e comunitários, bem como admiradores da arte e da cultura na nossa “Rainha das Serras”, teve os auspícios da ACIC – Associação Comercial e Industrial de Cubatão, em conjunto com a AMBSC – Associação de Amigos da Banda Sinfônica de Cubatão e a Associação Artística Zanzalá, todavia sem qualquer apoio oficial da Administração Pública Municipal, sendo que os custos com o transporte do instrumental e equipamentos foram absorvidos pelos maestros atuantes no evento. O Concerto Comemorativo do dia 12 de abril de 2023, marca o início de uma nova etapa na trajetória dos Grupos Artísticos de Cubatão, em especial da Banda Sinfônica de Cubatão, que vê esse momento como um “Ressurgir da Cinzas”.

Sigamos com Fé – Somos todos Grupos Artísticos de Cubatão!

 

Maestro Roberto Farias – Comendador, Chanceler, Imortal da Academia de Música do Brasil e Coordenador dos Grupos Artísticos de Cubatão