Cubatão, 16 de Maio de 2024 - 00:00:00

Luz e sombra de um prefeito inimigo do trabalhador

01/02/2022
Luz e sombra de um prefeito  inimigo do trabalhador

 

(*) Ivo de Oliveira

Com taxa de luz, governo tucano ascende lâmpada,

mas age na sombra contra os trabalhadores

 

Ademário subiu no poste. O gesto amalucado e sensacionalista do prefeito de Cubatão, Ademário Oliveira (PSDB), erguido por uma grua para inaugurar uma lâmpada de LED, em plena luz do dia, sinaliza que 2022 será mais um ano esquizoide na política local. O grande evento sucupirano, ocorrido na tarde de 14 de janeiro, reuniu em torno do poste meia dúzia de vereadores e dezenas de desalumiados, sabujos e bajuladores pagos com dinheiro público.

 

Com atraso de quase quatro anos, o prefeito ascende a lâmpada e apaga da memória o fato de que cobra taxa de iluminação pública do povo desde 2018. Batizado de Ilumina Cubatão, o programa é bancado pela população, através de uma taxa embutida na conta de luz, criada pelo prefeito e aprovada pela Câmara, em final de mandato legislativo, no apagar das luzes, em 26 dezembro de 2017. À época, apenas dois vereadores votaram contra o projeto, Toninho Vieira (PP - atualmente sem mandato), e o então petista Rafael Tucla, (atual PP).

 

Mas o evento não estaria completo sem discurso. Sim, sob intensa luz do Sol e da ofuscada lâmpada que desperdiçava energia, Ademário completou a micareta com discurso em que agradeceu, (pasmem!), não o povo, que paga a conta, mas os vereadores, por terem aprovado e mantido reluzente abominação.  O prefeito fez questão de reconhecer o apoio recebido para a criação da taxa, principalmente dos vereadores desta e da legislatura passada “que aprovaram medidas impopulares, mas de real importância para o desenvolvimento de Cubatão”, exagerou.  

 

No auge da crise econômica do governo de Michel Temer, em 2019, com a desindustrialização e aumento do desemprego, o vereador Rafael Tucla pediu a suspensão da taxa de luz por 180 dias, após verificar no site da transparência, que a cidade tinha R$3,8 milhões em caixa, exclusivos para custear iluminação pública.  Mas seu Projeto de Lei Complementar (PLC) nº 44/2019 foi rejeitado pela base de apoio do prefeito. Sensíveis às dificuldades do povo, votaram a favor do PLC os ex-vereadores Toninho Vieira e Lalá (Patriotas), bem como o vereador reeleito Sérgio Calçados (PSB).

 

Ademário cobra pedágio da luz no fim do túnel. Seu governo sombrio é marcado pelo obscurantismo do fechamento de centenas de postos de trabalho na Cursan, do fim do transporte alternativo, do impasse com camelôs, caminhoneiros, servidores públicos, cobradoras de ônibus, bolsistas esportivos com e sem deficiência, redução de aprendizes do CAMP, precarização e achatamento salarial dos trabalhadores terceirizados da limpeza, merenda escolar e manutenção de repartições públicas. Age como inimigo dos trabalhadores. Ainda que o prefeito suba no poste para inaugurar uma lâmpada, vai faltar luz para um governo que produz tanta treva.

 

(*) Ivo de Oliveira é jornalista e professor

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