Cubatão, 16 de Maio de 2024 - 00:00:00

Folha de Cubatão: Na busca pelo Sambaqui escondido...

05/08/2019
Folha de Cubatão: Na busca pelo Sambaqui escondido...

Em uma matéria exclusiva, a equipe de reportagem da Folha de Cubatão passa mais de 7 horas no mangue relatando toda a realidade desse Ecossistema
 

VALENTIM CARDOZO & THIAGO DANTAS
 

Da Redação
 

No mês do meio ambiente, a equipe de reportagem da Folha de Cubatão foi desvendar os mistérios de um dos principais tesouros do município. Os Sambaquis, escondidos dentre os nossos manguezais. A bordo de um caiaque, os jornalistas Valentim Cardozo e Thiago Dantas, orientados pelo ambientalista e instrutor de remo, Wellington Pinheiro, o “Ganso” e sua fiel escudeira Cleide Grillo, iniciaram uma aventura com mais de 7 horas de remadas até o Rio das Onças, onde é possível encontrar resquícios das primeiras civilizações da Baixada Santista.
 

Após uma rápida adaptação do repórter Valentim Cardozo (que quase virou o caiaque, ainda nas proximidades do hospital Ana Costa) já Rio Cubatão a dentro, tudo se estabilizou e a viagem seguiu de forma segura. Aos poucos, a equipe foi desvendando e descobrindo, a história e belezas dos mangues, onde foi possível sentir o silêncio da natureza, conforme os caiaques seguiam rio abaixo. “Como vocês podem ver, há algumas moradias ribeirinhas, como o Sítio Capivari, do lado direito da margem e algumas casas do lado esquerdo”, disse Ganso.
 

Ao passar por baixo da ponte férrea da São Paulo Railway (a histórica ferrovia Santos/Jundiaí) já foi possível ver a paisagem se modificar, com a flora e a fauna de Cubatão avistadas no horizonte das águas. Alguns animais típicos (principalmente aves) começaram a ser vistos pelos jornalistas e identificadas por Ganso, como a garcinha azul, a colhereira e a grande graça branca, com mais de 2 metros de envergadura. Porém o rei dos manguezais cubatenses e ave símbolo da região, o guará-vermelho, com sua plumagem que contrasta com a paisagem, só foi avistado nas entranhas desse ecossistema. E no meio dele, novas curiosidades foram surgindo ao longo do percurso.
 

A origem da palavra “Anilinas”
 

Em uma parada para descanso, um pouco à frente da região do Dique do Furadinho, Ganso explicou a origem da palavra “Anilinas”, que dá nome ao principal parque da cidade.
 

 “A palavra anilinas, nada mais é do que o pigmento encontrado, após se descascar a raiz da árvore da risóflora (tipo de vegetação característica dos manguezais)”, explicou o ambientalista.
 

“Tudo começou quando um alemão, ao chegar em Cubatão, descobriu essa riqueza nas entranhas do manguezais, a qual serve para diversos ramos de indústrias químicas, inclusive corantes. Essa matéria prima deu o nome da Fabríca de Produtos Chímicos Anilinas, que após ser extinta, em sua área foi construído o Parque Anilinas, que em décadas passadas viveu seu apogeu na história da Cubatão”, completou.
 

Amazônia Cubatense: O ninhal do Guará-Vermelho
 

“O manguezal ia se fechando a medida que entrávamos nos labirintos de plantas aquáticas e raízes, dando uma impressão muito parecida com a floresta amazônica. No entanto, como a maré estava baixando, corremos o risco dos caiaques ficarem encalhados, porém aceitamos o desafio de entrar na parte densa do mangue, onde aí sim, foi possível vermos bem de perto o guará – vermelho, em seu habitat natural”, relatou o repórter Thiago Dantas.
 

“Em um certo momento estávamos no meio de uma vegetação muito densa e era possível ver guarás vermelhos e as outras aves por qualquer lugar que nós olhássemos. Tanto empoleirados nos galhos das árvores como sobrevoando nossas cabeças. Eram dezenas deles”, concluiu.
 

 

Cava Subaquática: Uma questão ambiental
 

Após sair da parte mais densa e bonita do manguezal, a reportagem foi até o local onde está situada a famosa e questionada cava subaquática (na divisa marítima entre os municípios de Santos e Cubatão), de responsabilidade da empresa VLI Logísitca. Com uma boca de 400 metros quadrados e uma profundidade de mais de 25 metros em forma cônica, ela armazena uma grande quantidade de sedimentos químicos extraídos do fundo do Canal de Piaçaguera, consequência de décadas de poluição ambiental oriundas do tempo em que a cidade era conhecida como Vale da Morte. Cercada por boias e com o monitoramento de barcos que vistoriam e impedem a aproximação de curiosos, a cava subaquática é tida hoje como um dos principais questionamentos, para quem luta a favor das questões ambientais na Baixada Santista.
 

A Ilha dos Amores
 

Uma ilha em formato de coração e areia de praia no meio do manguezal, próximo ao terminal marítimo da Usiminas. Essa é a exata localização da chamada Ilha dos Amores. O local foi utilizado como ponto de parada, descanso e alimentação pela equipe de reportagem da Folha de Cubatão, no decorrer da expedição.
 

“É impressionante a visão que se tem daqui da Ilha dos Amores. Além de ser o ponto onde você tem a total noção do movimento marítimo do Canal de Piaçaguera, percebesse também a proximidade entre o Centro da cidade de Santos e a própria Usiminas por via aquática, que com certeza é no mínimo a metade do percurso feito pelas rodovias que transpassam os municípios de Santos e Cubatão”, diz o jornalista Valentim Cardozo.
 

Enfim, o sambaqui escondido no Rio das Onças
 

Após o descanso na Ilha, os jornalistas deram início a parte final, mais longa e cansativa do trajeto. Os dois caiaques atravessaram o Canal de Piaçaguera em meio a outras embarcações, dentre as quais, um navio cargueiro, e remaram por mais de 40 minutos interruptos até o desembocar do Rio das Onças, onde finalmente puderam contemplar o tesouro arqueológico que tanto buscaram. O Sambaqui.
 

Segundo a arqueologia, o Sambaqui é um vestígio das populações primitivas. No caso da Baixada Santista, mais especificamente nos territórios de Cubatão e Santos, existem sambaquis de águas salobras, onde é possível encontrar resquícios sedimentados devido a ação do tempo. Há cerca de milhares de anos, os primeiros habitantes de Santos e Cubatão deixaram por aqui, sinais de sua existência, como essas conchas calcificadas, que vemos nas margens do Rio das Onças, as quais após serem extraídos os moluscos, serviam como instrumentos de corte e até talheres, ajudando na manutenção de vida, naqueles primórdios.
 

Missão cumprida, o retorno para a casa e satisfação do bom jornalismo realizado
 

“Após concluirmos essa jornada, identificamos as belezas e a importância geográfica, arqueológica, logística, ambiental e turística que Cubatão proporciona, não apenas para a baixada Santista, mas também para todo o Brasil. Desde já, a equipe de reportagem da Folha de Cubatão, agradece piamente os colegas de remadas Wellington Ganso e Cleide Grillo, por um dia de boas lembranças no verdadeiro coração de nossa Cidade.
 

Com certeza será uma imensa satisfação poder compartilhar com nossos leitores esta expedição, a qual Vocês nos apresentaram.
 

Att, Valentim Cardozo e Thiago Dantas – Editores da Folha de Cubatão.

 

 

 

 

 

 

 

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