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8 de Março: Dia da Mulher é Dia de Luta

07/03/2023
8 de Março: Dia da Mulher é Dia de Luta

PAULA RAVANELLI

O Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 de março (8M), é uma data importantedo calendário mundial e celebrada em diversos países. Estabelecida pela ONU - Organização das Nações Unidas, a data surgiu em 1975, quando também se oficializou o “Ano Internacional da Mulher” e, a partir daí, em todos os anos seguintes.
Mas se você acha que o 8M é aquele dia do ano reservado para dar flores e outros presentes para agradar as mulheres, você está muito enganado. É um dia de luta!

 

Um momento para a reflexão sobre os desafios e conquistas das mulheres, sobretudo por igualdade e respeito e isso fica muito evidente quando conhecemos a verdadeira origem desta data. No Brasil, muitas pessoas acreditam que a data está relacionada a um incêndio em uma fábrica de tecidos nos Estados Unidos no ano de 1911.

 

Apesar do fato ser verdadeiro e de muitas mulheres terem morrido nesse episódio, dois fatores são determinantes para que ele não seja o principal motivador da escolha da data: o incêndio ocorreu no dia 25 de março e não no dia 8; além disso, outros fatos anteriores já sinalizavam a movimentação das mulheres em relação à luta por melhores condições de trabalho e de igualdade de direitos.


Uma dessas grandes manifestações em relação às mulheres ocorreu em Nova York, no dia 26 de fevereiro de 1909. A passeata contou com cerca de 15 mil mulheres que protestaram por melhores condições de trabalho, que na época eram muito precárias e exploradoras.


A verdadeira história do 8M é outra e foi propositalmente “apagada” poque não convém ao Patriarcado. A sua origem está relacionada a Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, realizada em 1910, em Copenhague, capital da Dinamarca, na qual a líder socialista alemã Clara Zetkin sugeriu uma agenda anual de ações em prol das mulheres. Até aquele momento, não havia uma data estabelecida, mas já em fevereiro do ano seguinte, 1911,
diferentes manifestações foram iniciadas.


A partir de 1911, as manifestações começaram a acontecer anualmente em diferentes datas entre fevereiro e março, de acordo com cada país, até que no dia 8 de março de 1917, um grupo de operárias saiu às ruas para protestarem contra a fome e contra a Primeira Guerra


Mundial. Elas foram fortemente repreendidas e o episódio acabou dando início à Revolução Russa. Desde então, o movimento internacional socialista adotou a data como o Dia internacional da
Mulher e as comemorações e passaram a ser realizadas no mesmo dia em vários países até a sua oficialização pela ONU. Por isso, não devemos esquecer que o dia 8 de março é, desde a sua origem, um dia de muita luta contra o sistema capitalista e o patriarcado que o mantém!


Mulheres na luta por direitos em Cubatão


Apesar de já estarmos no século XXI, ao redor do mundo muitas mulheres enfrentam dificuldades em ter direitos básicos garantidos. Essa situação não é diferente na nossa cidade, onde faltam médicos ginecologistas, exames próprios das mulheres como mamografia e o
Papa Nicolau, para detecção de câncer de mama e útero, respectivamente. Falta assistência às meninas nas escolas, vítimas de assédio e abuso sexual, infelizmente tão comum e naturalizado na nossa adolescência.

 

 Falta assistência social para as mulheres, que em sua maioria são chefes de família e precisam dar conta sozinhas da criação dos filhos, sem perspectivas de emprego e geração de renda. Isso para ficarmos nos direitos mais básicos.


Nossos desafios são muitos e poucas as conquistas a celebrar, mas queremos destacar a Lei Maria da Penha, aprovada em 2006 no primeiro Governo Lula, que é considerada uma das três
melhores leis do mundo para combater a Violência Doméstica. Porém, os direitos previstos nesta Lei ainda não estão implementados pela Prefeitura de Cubatão, por falta de uma rede
estruturada de equipamentos e serviços de proteção as mulheres vítimas de violência.


Por fim, quero também falar de uma nova Lei, aprovada em todos os níveis de governo, que assegura a distribuição de absorventes as mulheres e meninas que não tem condições de comprar no mercado, garantindo o que se convencionou chamar de dignidade menstrual. A lei está em vigor há um ano e até agora não foi regulamentada.


Por isso, nessa data tão importante, aqui em Cubatão vamos promover um Ato Público na frente do Paço Municipal e levar ao Ministério Público uma representação denunciando a falta de políticas públicas específicas para as mulheres.

 

Esperamos que as autoridades façam a sua parte, nós do Conselho Municipal e do movimento de mulheres estamos fazendo a nossa, para que as mudanças necessárias sejam implementadas na cidade.

 

PAULA RAVANELLI é presidente do

Conselho da Condição Feminina de Cubatão

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